
Thiago Fragoso*
Era uma quinta-feira de céu aberto na Roma dos Papas, mas, naquele dia, o céu da Igreja amanheceu nublado. Aproximava-se o desenlace de um pontificado que não seria interrompido pela morte do Santo Padre, mas pela sua lúcida e plácida renúncia. Algo tão inaudito nos últimos tempos parecia mesmo impossível, mas aquela decisão que a nossa mente se recusava a aceitar estava prestes a tomar efeito: Bento XVI renunciava ao Supremo Pontificado.
Já faz dois anos, mas é como se fosse ontem. A despedida do Colégio Cardinalício, a saída do Vaticano, o voo de helicóptero, as últimas palavras de saudação na sacada de Castelgandolfo e a última bênção antes do fim do seu glorioso pontificado… momentos históricos que ficarão na memória da Igreja e do mundo. Um Pontífice Romano que, consciente da sua debilidade física e, portanto, da sua dificuldade de continuar no leme da Barca de São Pedro, demonstra uma fé inabalável na promessa de Cristo a respeito da Igreja: “As portas do Inferno jamais prevalecerão contra ela” (Mt 16,18). Ocupando o mais elevado cargo do mundo, Bento XVI
deu-nos uma lição de humildade. Deixou o Trono de Pedro; deixou a Cátedra Romana para ocupar uma cadeira perene nos nossos corações de filhos espirituais. Como disse, naquela ocasião, um grande sacerdote: “descer é próprio de quem é grande”.
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