Santíssimo Padre,
É com grande preocupação que constatamos ao nosso redor a degradação gradual do matrimônio e da família, origem e fundamento de toda a sociedade humana. Esta dissolução está se acelerando com força, sobretudo através da promoção legal dos comportamentos mais imorais e mais depravados. A lei de Deus, mesmo simplesmente natural, é hoje pisoteada publicamente, os pecados mais graves se multiplicam de modo dramático e clamam vingança ao Céu.
Santíssimo Padre,
Não podemos negar que a primeira parte do Sínodo dedicado aos “desafios pastorais da família no contexto da evangelização” nos deixou profundamente alarmados. Temos ouvido e lido, de grandes autoridades eclesiásticas – que se atribuem vosso respaldo, sem serem desmentidas – afirmações tão contrárias à verdade, tão opostas à doutrina clara e constante da Igreja sobre a santidade do matrimônio, que nossa alma tem ficado profundamente perturbada. Todavia, o que mais nos preocupa são algumas das suas palavras que dão a entender que poderia haver uma evolução da doutrina para responder às novas necessidades do povo cristão. Nossa preocupação brota da condenação que São Pio X fez, na encíclica Pascendi, do alinhamento do dogma a supostas exigências contemporâneas. Pio X e vós, Santo Padre, receberam a plenitude do poder de ensinar, santificar e governar em obediência a Cristo, que é a cabeça e pastor do rebanho em todo tempo e em qualquer lugar, e de quem o Papa deve ser o verdadeiro Vigário na terra. O objeto de uma condenação dogmática não pode se converter, com o tempo, em uma prática pastoral autorizada.