Salve Maria!
Hoje na Solenidade de S.Pedro e S.Paulo, dia do Papa, Francisco volta a usar o simples pálio dos metropolitas.
Francisco gosta de ser chamado simplesmente de ” bispo de Roma”, por isso abandona a passos largos as insignias papais: não mais a estola de S. Pedro, nem a mozeta vermelha, nem os sapatos vermelhos, nem o brasão de armas na faixa da batina ( sim, e também a batina em dias de calor – já por várias vezes o papa a retira na sacristia usando apenas os paramentos da missa) e, em breve a própria batina para adotar o clergyman? Esta é a minha profecia….
Neste dia de S. Pedro e S. Paulo, rezemos por Francisco para que, tomando consciência de sua enorme missão como pastor universal, não entregue sua Igreja aos lobos, mas nos confirme na Fé.
” Pedro, tu me amas?”
Abaixo um comentário de Thiago Fragoso, de João Pessoa.
Rezemos pela Igreja em sua noite escura.
Pe. Marcélo Tenorio
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Quando da inauguração do seu pontificado, o Papa Bento XVI surpreendeu – mesmo os mais conservadores – ao adotar uma forma antiga do pálio sagrado que em muito se assemelha ao “omophorion” bizantino, feito de lã branca com pontas de seda negra e decorado com cinco cruzes vermelhas, representando as cinco Chagas do Redentor, sobre as quais eram colocados três pinos dourados, simbolizando os cravos da Paixão. O ‘novo’ pálio chamava a atenção e causava certa estranheza pelas suas dimensões. Até Bento XVI os Papas mais recentes usavam um pálio idêntico àqueles entregues aos metropolitas no dia de São Pedro.
Aos 29 de junho de 2008, para a Solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, o mesmo Soberano Pontífice adotou um novo pálio de propo
rções menores, mais parecido com o pálio dos arcebispos , mas com um corte mais largo e longo, e mantendo as cruzes vermelhas para distingui-lo do pálio dos outros metropolitas que usam cruzes negras.
Hoje, para a celebração dos Padroeiros de Roma, o atual Pontífice voltou a usar um pálio igual ao dos metropolitas. Em poucos anos, três pálios diferentes…
O pálio é confeccionado com a lã de dois cordeiros que o próprio Papa abençoa a cada ano na Festa de Santa Cecília (21 de janeiro) cujo nome latino ‘Agnes’ lembra o vocábulo de ‘cordeiro’ (‘agnus’). Na manhã da Quinta-feira Santa – para recordar a imolação do cordeiro pascal – os cordeirinhos são tosquiados e a lã é destinada aos teares de onde sairão os pálios que ornarão os ombros dos arcebispos nomeados no decurso dos últimos doze meses. Nos dias que antecedem a Festa de São Pedro e São Paulo, os pálios são colocados sobre a “Confessio Petri”, isto é, sobre o Túmulo do Apóstolo e tornam-se, portanto, relíquias de terceiro grau. De lá são retirados durante a Missa Solene que o Pontífice celebra no dia 29 de junho e são por ele impostos sobre os ombros dos novos metropolitas. Antigamente, ao ser conferido aos arcebispos, o Pálio era exposto à veneração dos fiéis por ser uma relíquia de terceiro grau do Príncipe dos Apóstolos e por representar a união do Arcebispo com a Sé de Roma.
Durante a homilia na Missa de São Pedro e São Paulo, aos 29 de junho de 2008, comentou o simbolismo do pálio sagrado nestes termos:
“O pálio foi tecido com a lã de ovelhas, que o Bispo de Roma benze todos os anos […], para que se tornem símbolo para a grei de Cristo, à qual vós presidis. Quando recebemos o pálio sobre os ombros, este gesto recorda-nos o Pastor que carrega nos seus ombros a pequena ovelha tresmalhada, que sozinha já não encontra o caminho para casa, e leva-a novamente para o aprisco. Os Padres da Igreja viam nesta pequena ovelha a imagem de toda a humanidade, de toda a natureza humana, que se extraviou e não encontra mais o caminho para casa. O Pastor que a traz novamente para casa só pode ser o Logos, a Palavra eterna do próprio Deus. Na encarnação Ele carregou todos nós a pequena ovelha chamada ‘homem’ nos ombros. É Ele, a Palavra eterna, o autêntico Pastor da humanidade, que nos carrega; na sua humanidade, toma nos seus ombros cada um de nós. No caminho da Cruz levou-nos e leva-nos para casa. Contudo, quer ter também homens que ‘carreguem’ juntamente com Ele. Ser Pastor na Igreja de Cristo significa participar nesta tarefa, cuja memória é o pálio. Quando o vestimos, Ele pergunta-nos: ‘Levas, juntamente comigo, também tu aqueles que me pertencem? Trá-los para mim, para Jesus Cristo?’. E então vem-nos ao pensamento a narração do envio de Pedro por parte do Ressuscitado. Cristo ressuscitado une o mandato: ‘Apascenta as minhas ovelhas’, inseparavelmente à interrogação: ‘Amas-me, amas-me tu mais do que estes?’. Todas as vezes que vestirmos o pálio do Pastor do rebanho de Cristo, deveríamos ouvir esta pergunta: ‘Amas-me?’ e deveríamos deixar-nos interrogar acerca do acréscimo de amor que Ele espera do Pastor. Assim, o pálio torna-se símbolo do nosso amor pelo Pastor Cristo e do nosso amar com Ele torna-se símbolo da vocação para amar os homens como Ele, juntamente com Ele: aqueles que estão em busca, que tem perguntas a fazer, quantos estão seguros de si e os humildes, os simples e os grandes; torna-se símbolo da vocação para amar todos eles com a força de Cristo e em vista de Cristo, a fim de que O possam encontrar e, nele, encontrar-se a si mesmos.”
( Thiago Fragoso)
(Na imagem, as duas formas do Pálio Papal durante o pontificado de Bento XVI)